quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Boas festas!

No aniversário, parabenizamos a pessoa por ela existir
No reveillon, desejamos felicidade para o ano que se inicia, e no outro ano a mesma coisa, e assim por diante.
E, por isso, acho que essas são as datas mais importantes. Utilizamos como pretexto o aniversário e o ano novo para falarmos algumas verdades que gostaríamos dizer em qualquer dia, qualquer época do ano, mas a correria, a vergonha, ou qualquer outro motivo, não nos deixam fazer.
Mas isso torna essa época num período mágico, em que as pessoas passam a irradiar todo sentimento bom acumulado que precisa, então, ser extravasado.

E que venha mais um ano de amor, felicidade e realizações a todos leitores.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Ócio produtivo?

Um recesso de 7 dias é tempo suficiente para me fazer enlouquecer.
Ler 500 páginas de um um romance policial, ver algum filme no cinema, tomar chopp e comer fritas com aquele grande amigo que não via há cerca de 6 meses...
Tudo isso não é capaz de preencher o tempo livre e me tirar da monotonia e do ócio.
Acho que talvez eu esteja, na verdade, acostumada com uma rotina tão extenuante e corrida que, simplesmente, não saiba o que fazer em tantos dias de folga. Ou não saiba como aproveitar cada minuto desocupado sem me entregar ao tédio.
E isso me faz ver que, por algum motivo obscuro, na verdade eu amo a correria e a loucura que me minha vida se tornou nos últimos anos. Eu amo ter ocupações o dia todo, chegar em casa à noite com o corpo cansado, manter a mente sempre lotada de preocupações fúteis que em geral não me tiram o sono.
E isso me faz perceber que, num futuro não muito distante, eu serei ocupada. Mas serei muito mais ocupada do que sou hoje. E aí sim, talvez, precise dos recessos para fugir da rotina. Mas mesmo fugindo da rotina, sei que acabarei me enfiando em alguma viagem louca para uma praia exótica ao invés de aproveitar os poucos dias de folga em casa, dormindo 12 horas por dia e sem pensar em nada.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Continuo me descobrindo

Eu amo fazer balanços. E, desde que chegamos pela metade de novembro, já repensei muita coisa que aconteceu esse ano, e já projetei outras tantas para 2010.
Mas tem uma coisa que, vejo agora, não mencionei. A descoberta de uma grande paixão:
(sim, outra...)
Escrever.

Tudo começou quando, surpreendentemente, conheci um guri legal num plantão. Sim, surpreendente porque eu nunca pensei que viajaria 2 horas para trabalhar em outra cidade, ganhar uns troquinhos e acabaria, por tabela, conhecendo alguém legal. Conversa vai e vem, ele conta de seu blog, que gosta de ler, etc. Plin! Primeiro Estalo. Afinal porque eu também não escrevo???

Em julho, um mês depois, consegui realizar um grande sonho. Ir trabalhar no projeto Rondon. De cara parecia meio decepcionante, afinal diferente dos outros anos (que os destinos eram os mas longínquos e inóspitos possíveis), o projeto dessa vez seria desenvolvido dentro do RS. Nem conhecer a Amazônia eu iria... pensei. Chegando lá, percebi outra realidade. No fim das contas o que aconteceu foram 15 dias incríveis, únicos e inesquecíveis. Num domingo cinza pegamos uma van e fomos conhecer as Missões. Eu estava realmente mal, como sempre de ressaca, como sempre com o coração partido. Quando voltávamos sentei ao lado de um guri querido e inteligente, mas com quem pouco conversei durante o Rondon. Essas 4 horas de conversas ininterruptas foram, afinal, o momento que mais tivemos intimidade. Comentei com ele que gostava de ler e escrever... E ele... porque tu não cria um blog? Plin! Segundo estalo! Afinal, porque eu não crio um blog?

Na volta do Rondon, aniversário da professora. Em meio a sushis e saquês, conheci o melhor amigo da Jana, uma das componentes do meu quarto lá na viagem, e que me marcou muito. Pois bem, esse amigo é editor, trocamos msn e, certo dia, conversas a fio, mandei um texto que havia escrito pra ele ver o que achava. Ele curtiu e perguntou porque eu não começava a escrever com mais frequência e me dedicava a um blog. Plin! Terceiro e último estalo! Quer saber, vou fazer um blog...

E aqui estamos, e mesmo que em alguns meses eu tenha postado super pouco, mesmo que ninguém comente e eu não tenha a mínima noção de quantas pessoas visitam, mesmo que eu ache uma exposição ás vezes desnecessária e mesmo que eu não goste de divulgá-lo para que certas pessoas não o leiam..... Mesmo assim eu amo ele, acho a minha cara e espero que dessa vez eu não desista de escrever tão cedo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Acampamento - Psicodália

LISTA DOS UTENSÍLIOS INDISPENSÁVEIS NO PSICODÁLIA!
Retirado da comunidade.. Com pequenas modificações...
A baixo acrescentei alguns itens pessoais que também levarei.

*DO LAR
-Barraca
-Saco de dormir/Colchonete
-Cobertor
-Lanterna (com pilhas!)
-Lona/Corda
-Cadeado (para garantir a integridade das suas coisas)

*DO CORPO
-Camisetas
-Bermudas/Saias/Chorts
-Calça
-Casaco (vai fazer frio, tenha certeza)
-Roupa Íntima/Meias
-Chinelos/Sandálias/Tênis
-Roupa de banho
-Cartucheira/Pochete /Bolsa
-Pijama

DAS GARANTIAS
-Comprovante de depósito
-Ingresso
-Dinheiro
-Autorização para viagem assinada pelo papai, caso seja menor de idade.
-Documento de identidade, comprovando que você seja deste planeta.

*DA LIMPEZA
-Toalha de banho
-Sabonete
-Desodorante
-Escova, pasta de dente e fio dental
-Protetor solar
-Repelente
-Shampoo/Creme para pentear
-Óculos escuros
-Papel higiênico

*DO ROCK’N ROLL WAY OF LIFE
-Camisinhas
-Cigarros
-Bebidas diversas

*DAS DIVERSÕES
-Bolinha e taco
-Jenga (queporraehessa?)
-Baralho de truco
-Baralho normal
-Dominó

*DA ALIMENTAÇÃO
-Bolachas doces
-Biscoitos salgados
-Massa Nissin
-Atum
-Suco Clight
-Prato
-Panelinha
-Talheres
-Copo/Caneca/Cantil

*DA MAY
-Anticoncepcional oral (vulgo pílula)
-Paracetamol/Engov (pra curar a ressaca)
-Máquina Digital
-Sacos plásticos
-Canga
-Papel e caneta
-Elástico de cabelo/Bico de pato

E que seja inesquecível!!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

2009-2010

Um fim sempre é triste.
Um fim traz perdas.
Mas um fim traz, também, renovação.
Traz o novo.
Um fim é, na verdade, um novo começo.

E 2009 chega ao fim. É triste sim. Um ano a menos.
Um ano a menos de...
Acampamentos no carnaval
Intemed's
Happy Hour's do Diretório Acadêmico
Sendo integrante do DA
De participante do Rondon

Um ano a menos de festas de fim de estágio, sempre no mesmo salão, sempre dançando os mesmos funks da Eldorado.
Um ano a menos de reuniões sobre educação médica.
Um ano a menos podendo ficar deitada nos sofás do DA esperando o tempo passar.

Nunca mais farei meu primeiro plantão em montenegro ao lado dos melhores amigos do mundo.
Nunca mais receberei atrasado um salário de 200,00 e comprarei cerveja às 16h para comemorar.
Nunca mais irei como estudante pra um congresso que só tem médico e nunca mais serei flertada por alguém que me ache tão novinha porque nem me formei.
Nunca mais tanta coisa!!!

Mas eu sei que o que me aguarda é ainda mais animador. Como sonhadora, quero que 2010 seja um ano inesquecível.

Entrar o ano num festival de rock.
Aproveitar o último ano de estudante, participando ao máximo de eventos do movimento estudantil, indo em todos Happy Hour da Medicina, passando horas no DA conversando com um pessoal que nunca mais verei na vida.
Encontrar minhas amigas semanalmente, viajar com elas, almoçar fora, jantar, contar fofocas, falar das aventuras e desaventuras sexuais, e, no Natal de 2010, fazer um novo amigo secreto.
Ficar com garotos, 1, 10 ou 1000. Desde que façam eu me sentir especial ao seu lado.

E, por fim, em 2010 eu quero traçar meu futuro profissional. Quero que tudo fique certinho para que, em 2011, eu só precise me preocupar em procurar um ap. para morar. ;)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A vida é minha?

“Não vou abrir concessões para poupar ninguém”.

Ela, a Fernanda Young, com todo seu jeito porra-louca de ser, magoou sua mãe ao decidir posar nua. É impossível prever como foi para ela decidir isso sabendo que uma das pessoas mais importantes em sua vida, sua mãe, sairia magoada dessa história.
Mas, infelizmente, esse dilema não é exclusividade de famosos. Várias vezes nós nos deparamos com problemas semelhantes. Se por um lado queremos fazer algo, por outro precisamos da aprovação daqueles que amamos para seguir em frente sem medo.
É absurdamente difícil assumir escolhas que causem desconforto, magoas, justamente nas pessoas que mais gostamos. Afinal, nós gostaríamos de poder, sempre, poupar aqueles que amamos. Poupa-los de sofrimento, de angústias e tristezas.
Mas taí o grande erro! Se decidirmos poupar os outros, nós que acabamos ficando em segundo plano. E é certo EU deixar minha vida em segundo plano?
Que todas escolhas trazem conseqüências (nem sempre das melhores), é fato. Mas que não podemos abrir concessões sobre as nossas escolhas para poupar aqueles que amamos... aí eu concordo com a Fernanda.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A minha cabeça está virada...

Coisa mais complexa essa palavra chamada sentimento.
Porque tem que ser tão difícil definir o que passa no coração??
Talvez a emoção da vida esteja nos caminhos tortuosos que acabamos tomando justamente por não entendermos bem o que afinal sentimos.

E afinal de contas... se tudo fosse preto no branco, que graça teria?

E deixo um VIVA às confusões sentimentais que assolam o coração de tanta gente ;)
Porque a gente até pode ser é confuso e complexo. Mas a gente é feliz.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

22 anos

Eu era uma sonhadora nata. Aos 13 anos imaginava que, ao pegar ônibus, podia ao meu lado sentar um príncipe, que mudaria meus dias e traria a felicidade plena. Achava que sim, ia aparecer a grande paixão que arrebataria meu coração, me tiraria da rotina sem graça em que vivia e traria emoção, sexo e todo o resto para minha vidinha pacata.
Até que aconteceu. Foi melhor do que sonhei.
Até que acabou.
E hoje já não tenho mais 13 anos. Envelheci.
Perdi a criança sonhadora que vivia dentro da adolescente rebelde. Perdi.
Parece que, de repente, me dou conta que já deixei de lado planos de felicidade eterna ao lado de um grande amor. Não acredito mais que vá surgir o tal príncipe pra me tirar dessa vidinha tediosa.
E eu percebo que não são só rugas que acumulamos com o passar dos tempos. Acumulamos sofrimentos, angústias, decepções. E a percepção de que a vida não é um conto de fadas, que a realidade nem sempre é como sonhamos e que o dia de hoje é muito mais importante que o amanhã.
E talvez seja por isso que hoje eu prefiro pensar como será a festa do final de semana, ao lado dos meus amigos, conhecendo gente nova e me divertindo, do que sonhar que, novamente, descobrirei o sentido da palavra amor.

domingo, 29 de novembro de 2009

Lá por 2008...

Tava atendendo mais uma grávida e o celular tocou. Sempre ele. A mais linda, a mais divertida, queria que eu fosse com ela na faculdade pegar uns papéis pra sua transferência pro Rio. Hum, que saco. Vou junto, eu sempre vou quando ela chama. E vou porque sei que não será monótono. Aliás, essa é ÚNICA certeza que sempre tenho quando saio com ela. E foi no botecão da frente da universidade que começou nossa jornada em busca das piores cervejas. E foi posto, foi bar, foi uma, duas, cinco, dez garrafas. Cigarros. E tudo mais. Pôr do sol. Antigas histórias que ainda não tinha contado... Histórias bizarras de paixão platônica por gays enrustidos, e formas totalmente absurdas de se descobrir isso. História do fim do namoro, aquele há anos. História dos novos casos, desaventuras e aventuras. O carnaval, a psiquiatria, a família. Acabamos a noite num botecão, que até lembrava o mesmo aonde tudo começou. Vieram uns guris, beijos e beijos. Do resto só lembro de chegar em casa viva, completamente embriagada. Bêbada de álcool, de vida e de felicidade.

sábado, 28 de novembro de 2009

Diferente de quem?

Ser diferente
Pensar diferente
Agir diferente

O diferente atrai, chama atenção, interessa. Eu, rebelde por natureza, criei com o tempo uma atração fatal pelo considerado diferente. O alternativo. Desse sentimento veio uma relação de amor e ódio, conflituosa e complexa.
Afinal de contas, aos 15 anos eu pintei o cabelo de rosa porque realmente achava bonito ou porque precisava me afirmar como diferente daquilo que eu repugnava, ao mesmo tempo que me inseria num novo grupo social?
É complexo, como falei.
Independente da causa, ser diferente não é fácil. A todo tempo a gente acaba tendo que explicar o porquê de algumas escolhas ou atitudes.
Afinal de contas, porque durante 4 anos da faculdade eu nunca fui em festa da medicina??
Porque eu uso all star?? Eu sou roqueirona?
Porque eu não quero ter filhos?
Porque eu não estou nem aí pra constituir família, não acredito em fidelidade, não me importo com Natal e outras datas capitalistas?
O diferente atrai. E é por isso que já perdi tantas horas explicando como são as festas do 'underground' que já tanto freqüentei. Como é o submundo que poucos conhecem, o mundo do hedonismo onde gays e heteros se misturam, onde a música ensurdece e o álcool faz qualquer um perder a cabeça.
E é por isso que acho que, se não mudar de idéia, ainda vou ter que explicar pra muitas pessoas como eu posso decidir não querer ter filhos. Optar por não ser mãe.
Mas de certa forma já me acostumei com tudo isso. Eu sempre me senti absurdamente diferente das minhas amigas de colégio. E na faculdade não é diferente.
Mas existe, sim, um grupo de pessoas com quem me identifico. Pessoas que me fazem ver que não somos todos iguais, que cada um tem seus defeitos, qualidades, e não é porque uma pessoa não pensa da mesma forma que eu, que terei menor afinidade ou empatia por ela.
Minhas amigas... Eu sei que elas estarão sempre do meu lado, e que compreenderão todos meus motivos sem fazer mil perguntas quando eu fizer alguma escolha pouco tradicional.
Afinal, elas me entendem mais do que eu mesma posso me entender.
E é por isso que não deixo de lado minha forma única de ver e viver o mundo: Minhas roupas nem sempre arrumadas, minha atração pelo underground e meu desejo de não gestar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Caos

Se fosse possível descrever o que acontece com uma cidade quando um furacão passa, o que você diria?
Devastação. Essa é a palavra que me vem em mente agora. Tudo muda de lugar, tudo fica bagunçado, fora de ordem... um caos.

E como alguns sabem (ou não) parece que um furacão passou pelo Sul do país. Chuvas sem fim, cidades alagadas, falta de energia e todo o resto.
Mas não foi só o tempo que andou maluco nos últimos tempos. Parece que na minha vida, também, passou um furacão. Não, não estou devastada. Ainda restaram algumas árvores de pé... hehe.


Eu só sei que, de repente, tudo mudou de lugar. E ficou um caos.
Se fosse novela, os 50 minutos não seriam suficientes pra tanta emoção. Se fosse livro, ia virar uma trilogia (no mínimo).


E parece que 2009 chega ao fim da mesma forma que começou. Um ano de insanidades e loucuras, de emoções à flor da pele, de grades amizades vindo a tona. Um ano de incertezas sem fim. Mas o ano que enfim decidi (ou re-decidi) o que queria da vida. Um ano em que jurei pra mim mesma mil vezes que largaria a vida boemia. Mas que 1001 vezes voltei atrás e me entreguei aos prazeres mundanos. O ano da primeira vez que fui pra faca. O ano em que aprendi o que é fazer plantão dia sim e dia também. O ano que me senti mulher pela primeira vez, e que vi que ainda não sei usufruir disso direito. O ano em que me apaixonei e me apaixonei e me apaixonei e desapaixonei mais 15 milhões de vezes, e que na maioria dos segundos dei graças a deus por nenhuma paixão ter sido correspondida. Foi o ano que, enfim, me perdi várias vezes. Mas, também, foi um ano de encontros e escolhas. E, arrependida ou não, é um ano que deixa histórias mil. O ano do furacão, do caos. Não sei o que 2010 me aguarda, mas, sinceramente, duvido que seja um ano tão cheio de emoções. Mas, só acredito, vendo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Felicidade

Houve uma época em que tudo que sempre sonhei começou a se tornar realidade. Planos que há muito eu fazia se concretizaram, eu percebia que estava, enfim, pondo em prática àquilo que tanto quis. Aos poucos tudo foi, então, se acertando. E teve um dia que foi o ápice. Eu estava entre pessoas adoradas, vivendo momentos únicos e incríveis. Do meu lado, um cara que me idolatrava, me fazia rir, fazia eu me sentir a pessoa mais especial do mundo. E eu gostava dele. E nesse dia, inesquecível, duas professoras e amigas me falaram uma coisa que me marcou: Que parecia que eu iria me tornar muito realizada na área que havia escolhido seguir, a psiquiatria, que combinava comigo, e que por isso eu deveria estar mais feliz ainda. E foi aí que não coube mais alegria em meu coração, enfim parecia que tudo havia se acertado, como eu estava feliz.
No dia seguinte acordei com uma das maiores ressacas da vida. As lembranças não eram muitas, mas suficientes pra me fazer ir até o banheiro, me olhar no espelho e começar a chorar. Tomei um banho demorado, onde as lágrimas se misturavam às gotas do chuveiro. E, durante todo dia, o que eu havia construído em um bom tempo, desmoronou. Tudo foi por água a baixo, a felicidade, os sonhos, a realização. E foi aí que percebi que a felicidade nunca será plena. E sempre que tudo estiver perto de estar bom demais, terei certeza: logo logo desmoronará. E desde então desisti de buscar tanta alegria e felicidade. Só quero cumprir meus horários, ganhar meu diploma, e quem sabe, viver alguns momentos bestas e alegres. Hoje, isto me basta.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sentir...


"Se sentir é uma estranha forma de pensar, um exagero da sensibilidade, sintais muito. Mas não a exiga dos outros. Cada um tem sua própria sentissência. Há coisas que não carecem ser vistas, bastam senti-las. Mas cada um faz a seu modo."
João Manuel Martins

Realmente, sentir é um exagero da sensibilidade. São poucos os que realmente sentem, os que se deixam guiar pelos sentimentos. E, na verdade, se todo exagero é maléfico, existe vantagem em ter a sensibilidade aguçada? Na minha profissão, sim. Sem sensibilidade a medicina vira mais uma mercadoria do sistema. Trabalhar deixa de ser cuidar de vidas, cuidar do próximo, e se torna um trabalho unicamente por dinheiro. Ser médico deixa de ter a função social e se torna mais um produto do mercado. Na verdade pensar assim é a ordem do sistema, mas só cai nessa quem não sente. Mas, até que ponto podemos cobrar dos outros o fato de não terem a mesma sentissência? Eu, livre como sou, respeito cada um a seu modo. E não cobro, nem julgo. Ou pelo menos tento não julgar. Mas, não é tarefa fácil perceber que são cerca de 10 anos de estudo para tornarem-se médicos absolutamente desinteressados com os problemas que a saúde pública e o povo enfrentam em nosso país. Os médicos preocupam-se única e exclusivamente em, após a formatura, conseguir abrir o próprio consultório, filiar-se a algum convênio, e tentar atender cada paciente o mais breve possível, aumentando assim os lucros no final do mês. E ainda tem quem pense que aqueles provenientes de escolas médicas públicas tem uma dívida com a sociedade, e que deveriam prestar um ano de serviço civil obrigatório. Eu discordo. Aqueles que vem de escolas particulares também precisam auxiliar no desenvolvimento social do país, o médico tem uma responsabilidade inerente e isso independe de sua escola de formação.
Sem mais delongas, percebo como realmente é difícil aceitar as diferenças de pensamento e da forma como cada um sente seu mundo ao redor. Sim, eu estou sensível ao extremo, e os motivos são incontáveis. Espero um dia pegar um pouco da insenssibilidade que permeia as pessoas que me cercam... e espero conseguir transmitir um pouco de minha sensibilidade excessiva, tentando quem sabe tornar o mundo mais justo e humano.

“Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo” (Florestan Fernandes)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Família II

Ela é cega, não me enxerga. Ou finge não ver. Prefere acreditar que sua filha é perfeitinha, vaidosa, que se importa com o visual.... Não, eu não sou assim. Eu uso all star, minhas calças são largas, mal lembro a última vez que fui em um cabeleireiro. E se achas, mesmo, que vou mudar meu jeito despojado só porque terei um diploma na mão, infelizmente te decepciono de novo. Ser médica não me tornará, da noite pro dia, na mulher mais bem produzida do bairro. E se tu quereres me agradar, por favor, aceite meu jeito, me olhe e veja como sou, veja os lugares onde vou, as pessoas com quem me relaciono. Se queres me bajular, preste atenção em mim. Eu não vou ficar feliz quando ganho um terninho que tu achas bonito ou quando compras pra mim uma bolsa que tu gostas.... pode ter certeza, nunca vou ir trabalhar de terno. E não é porque tu me dá um que vou mudar. Não. Simplesmente eu não sou aquela filha perfeita que tu tanto sonhou ter enquanto me carregava no teu ventre. Aceite ou sofra. A escolha é tua.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Vida Assegurada

Liguei para a seguradora para cancelar um seguro de vida que precisei fazer há algum tempo.
- Qual o motivo do cancelamento? O serviço não lhe agradou?
- 0.o

Sim, isso mesmo. Eu morri mês passado e o pagamento do seguro atrasou 15 dias. Por isso estou cancelando.
Ou então... Vocês não dividiram igualmente os valores entre meus familiares quando faleci, não quero mais essa seguradora!
Sei lá, fiquei pensando o que deveria responder e como não pensei em nada respondi somente 'Desinteresse mesmo.' Curto, grosso, conciso e eficiente. Consegui em uma só ligação cancelar a chonga que me descontava mensalmente 13 reais da conta já há alguns bons anos. Na verdade a minha vontade era dizer 'Não pretendo morrer nos próximos meses, ou anos.. por isso não vejo nexo em ter um seguro de vida.'
De qualquer jeito, o que quer que venha a acontecer a partir de agora, minha família vai continuar pobre como sempre, e eu espero, realmente, que não tenha sido uma burrada cancelar o seguro =]

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sanidade

“Tudo é questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo”

Incrível como a vida é corrida. Quando chega outubro começa a mesma ladainha de sempre 'Como esse ano voou... nem notei e já tá no natal...'. E o pior é que não é exagero. Não percebemos o tempo passar porque estamos sempre preocupados demais em cumprir os horários, em alcançar as metas, resolver os problemas. E afinal de contas é disso que vivemos: resolução de problemas. Hora o problema é pagar umas contas, hora é emagrecer uns quilos, hora é conseguir um emprego, passar no concurso, ou o que for. E sempre que enfim resolvemos o maior de todos os problemas, surge uma nova barreira. Parece uma maratona sem fim, sem pausa para descanso, e cada vez com mais obstáculos a serem vencidos.
E viver nesse mundo corrido, competitivo e exigente não é nada fácil. Mas é só olhar pro lado que a gente percebe: cada um tem uma forma de administrar todos esses estressores. Uns bebem umas caipiras e passam noites em prostíbulos, outros viram workaholic. Alguns partem pros esportes (passam o dia na academia), outros vão ao shopping e gastam até o cheque especial. Tem aqueles que se afundam nos doces e gorduras, enquanto outros preferem varar as noites em orkut, msn e twitter. E por mais que pareça que cada um tenha uma forma louca para enfrentar a vida, na verdade esses que são os mais sãos.
Louco é aquele que se entrega pro estresse. Que não descobre sua forma de administrar tudo de ruim que (invariavelmente) acontece. Aquele que já não suporta encarar um problema de frente, e que, ao mínimo sinal de que algo vai dar errado, entra em surto de ansiedade, angústia, irritação...
E taí o segredo da felicidade. Manter a mente quieta... Mas não é só isso, essa é a receita para, ao menos, tentarmos não enlouquecer nesse mundo louco em que vivemos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

No ônibus

Mostrei o cartão TRI pro cobrador.

- Te atrasou hoje de manhã.
- Hãn? - Tirei o fone -
- Te atrasou hoje de manhã.
- Não.
- É que te vi na parada quando o ônibus voltava. Vi que tu tava ali às 8h.
- É.

Achei melhor sair antes que a ira, que já tomava conta de mim, transparecesse. Antes que eu respondesse como deveria:
- Quem cuida dos meus horários sou eu. Só eu. Não tenho namorado pra não me incomodar. Sequer meus pais tem o direito de se meter nos meus compromissos e nos meus horários. Se eu estou, ou deixo de estar atrasada, o problema é único e exclusivamente meu. Ok?

E parece que ele descobriu a ferida. O ponto G que, ao invés de fornecer um orgasmo, torna a cidadã que vos fala na pessoa mais irritada do mundo.
Mas, afinal de contas, isso foi um acesso de TPM, de irritação sem causa aparente, ou tive, realmente, motivos para tamanha ira?
Nem eu sei, só sei que da próxima vez que encontrá-lo tentarei, novamente, não demonstrar o monstro que vive dentro de mim.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Imagem é tudo

Não sei se todos ficaram sabendo. Uma professora de ensino primário da Bahia foi demitida após um vídeo seu, em que aparecia dançando no palco de um show de axé, ter sido divulgado no youtube. É, aparentemente parece um escândalo infundado né? Também pensei no início. Mas a dança dela não foi qualquer dança sensual ao estilo 'É o Tchã'. Ela ficou, literalmente, nua em cima do palco, com a bunda de fora, enquanto o vocalista puxava sua calcinha e cantava 'Toda enfiada...'. Mas quem sou eu para dar de moralista e criticar a dança da mulher? Na verdade eu acho que o que cada um faz nos seus momentos de lazer não vem ao respeito de mais ninguém. Pra mim se o indivíduo gosta de putaria, masoquismo, maconha, cocaína, ou seja lá que for, independente da profissão, ninguém tem nada que se meter, afinal essa é a vida particular dele. Mas existe uma coisa que nunca será esquecida: a imagem. Cada um tem uma imagem, que é a forma como os outros nos vêem. Um médico, por exemplo, não pode falar pro paciente que é chegado num trago, num cigarrinho e numa carne gorda. Uma professora não pode mostrar pros alunos a forma sensual que costuma dançar à noite. Um primeiro ministro não pode deixar vazar fotos que o mostram gozando a vida ao lado de diversas prostitutas.
E é assim que vivemos hoje: nossa imagem é tudo, precisamos preservá-la. O que essa professora esqueceu, por alguns minutos, foi que hoje em dia não temos mais privacidade em lugar algum. Ela estava em um local adulto, uma casa de shows, fora de seu momento de trabalho. Há algum tempo ela poderia muito bem fazer o que bem entendesse, ninguém saberia. Hoje as coisas já não são bem assim. As câmeras em celulares chegaram para tirar a nossa privacidade, nosso direito de decidir o que queremos que os outros saibam que fazemos ou deixamos de fazer. E é por esse erro simples que ela está pagando caro, muito caro.
Mas, para felicidade da moça, o povo esquece rápido esses escândalos. Em breve ela não será mais nem lembrada. Mas, com certeza, pro resto de sua vida, ela vai lembrar dessa furada em que se meteu num sábado à noite em que bebeu além da conta e decidiu ir dançar no palco.

sábado, 12 de setembro de 2009

Doidera I

Há algum tempo...


Me perdi do pessoal na festa. Uma biba me puxou e começamos a dançar até o chão. Devia tar tocando Britney ou Madonna, não lembro. Nisso chegou dançando junto um piazote, um pouco mais bonito que a outra biba, mas mais baixo que eu. Ficamos dançando, tal e coisa, afinal a música era boa, eu tava sozinha, e os dois eram bixas. Nisso chega um deles
-Olha, nós somos muito brother... Nós somos tão brother, mas TÃAO brother, que a gente só fica com guria juntos. Tipo beijo a 3, sabe?


Humm... sei...


E saí de fininho! ;)

domingo, 6 de setembro de 2009

6/9

Lá pelos anos 60, com o surgimento da pílula anticoncepcional, o sexo passou a ter um papel diferente na sociedade. Se antes ele já era praticado por prazer pelos homens, a partir desse momento se deu a revolução feminina. Nós também poderíamos decidir com quem e quando transar, sem medo da gravidez indesejada.
Então o mundo mudou para nós mulheres...
Será mesmo???
O homem aceita, sem preconceito, que a mulher faça sexo unicamente por prazer?
E eles aceitam que a mulher assuma que gosta de sexo, que se masturba, que tem desejo sexual, que precisa transar de vez em quando pra se satisfazer???
Os que eu conheço, pelo menos, não encaram a mulher dessa forma. Preferem pensar em nós como meninas que são santas e puras. Que, de preferência, só façam essas coisas no escuro e com o cara com quem pretendem casar.
Senão, entrará para lista de putas e vagabundas. Aquelas que servem unicamente para satisfazer seus desejos, mas que nunca poderiam vir a tornar-se suas namoradas.
E parece, então, que nada mudou desde o século passado. O preconceito diminuiu, certamente, mas ainda existe e hoje ele está enrustido numa falsa idéia de que a mulher possui liberdade sexual.
Como em tantas outras áreas, o que predomina hoje é a hipocrisia. E, sinceramente, se for para me casar e passar o resto dos dias do lado de alguém que pense assim.. prefiro ficar solteira pois como diz o ditado, antes só que mal acompanhada.

Ps: Hoje, 6/9, é dia do sexo! Saia do computador e vá tirar o atraso! ;)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Acidente?

Muitos amigos, popular na faculdade, divertido, brincalhão, festeiro. Médico, estudioso, dedicado. Era um cara que sabia aproveitar o presente, e, a princípio, tinha um futuro e tanto. Mas em sua ânsia de viver cada momento, em sua necessidade de extravasar alguma agonia, em sua personalidade muito impulsiva e quase nada comedida, ele se perdeu.
Não, não foi na noite que ele bateu o carro que ele se perdeu. Já estava perdido há muito tempo. Parece até que só um cego ou alienado não perceberia que esse fim era óbvio, mas é impressionante como nunca temos a capacidade de notar o que acontece ao nosso redor antes que a tragédia aconteça.
No nosso mundo o álcool impera em todas festas, achamos normal beber e dirigir, praticamos sexo sem camisinha, andamos a 140km/h nas estradas. E ainda achamos que somos saudáveis.
Aonde foi parar a consciência do jovem, o mesmo que há algumas décadas já era pai de família, trabalhava e sustentava a casa? O jovem da atualidade se perdeu no meio de um mundo egoísta e competitivo. E, perdido nesse mundo individualista, deixou pra trás todo senso crítico, de responsabilidade e de amor próprio. Hoje, jovens de 20 e poucos, que já deveriam estar maduros o suficiente para saber ao menos o valor que a vida tem, deixam-a escapar de forma simplória, como se na verdade a VIDA já não tivesse mais valor algum. E, para a psiquiatria, esse não foi um acidente. Foi, na verdade, um para-suicídio.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Na parada

Esperando o ônibus.

- Vai pra PUC?
- Não, esse ônibus não vai.
- Tu. Tu vai pra PUC?
- Sim.
- Qual curso?
- Medicina e tu?
- Mecatrônica.
- Que semestre?
- Décimo.
- Quase se formando?
- Não.
- Tem 21?
- 22.
- …..........
- …..........
- Acho que te conheço de Garopaba.
- Hãn?
- Garopaba. Nunca foi em Garopaba?
- Fui, já. Mas e quem não foi?
- Teu nome não é Nicole?
- Não.
- Ah tá.

E assim dilacerei com as expectativas do menino de reencontrar a garota por quem se apaixonou em algum verão passado. Nicole provavelmente fugiu após uma noite calorosa à beira mar, sem deixar telefone, e-mail ou orkut. E ele, até hoje, à procura pelas paradas da vida.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A Conversa Essencial

Ela, nos seus 50 e muitos anos, depressão moderada, várias tentativas prévias de suicídio. Ele, psiquiatra. Diz para ela numa consulta.
- Tu precisa sair para tomar um café consigo mesma. Precisa conversar contigo. Eu não vou trocar o antidepressivo ou acrescentar mais um pra lista. Eu te receito que vá à uma cafeteria, sozinha, conversar consigo mesma. E depois, se quiser, conte-me como foi.
E assim se encerrou mais uma consulta psiquiátrica do posto de saúde. Para ele, só mais uma consulta rotineira. Para ela, talvez a luz no fim do túnel (enfim alguém que me ouve e que deseja realmente me ajudar). Pra mim, um novo estímulo.
Afinal de contas, eu converso comigo mesma? Eu reflito o que vem me acontecendo, as coisas boas e ruins, o que pretendo do futuro, o que me arrependo do passado?
E a resposta, surpreendentemente (ou não) é sim.
Eu sinto um prazer descomunal em poder, ás vezes, fazer algo que gosto sozinha. Estar sozinha, de qualquer forma, nunca chegou a ser um problema. E são esses momentos que geralmente aproveito para decidir, raciocinar e pensar de fato o que se passa comigo, como me sinto, o que anseio do futuro. Muitas vezes não consigo o que planejo, erro novamente o mesmo erro, me irrito e deixo os planos de lado. Mas acho que a decepção, de certa forma, faz parte da evolução e da busca por melhora.
Mas, o principal que essa consulta me fez perceber, é como as pessoas se acomodam com a vida, param de olhar para si próprias, param de sentir prazer nas pequenas coisas do dia, deixam de se curtir como poderiam. E, sem esses momentos, as pessoas deixam de crescer, amadurecer, e ficam estagnadas no tempo. E o tempo, sem ninguém perceber, vai passando. Até que um dia, mais cedo do que muitos gostariam, vem cobrar sua conta.
Além de todas essas idéias, nesse dia percebi que existem outras pessoas que pensam como eu, que viajam em devaneios, que sonham e acreditam na felicidade, e isso me deixa, no mínimo, esperançosa. Eu acredito, sim, que tenho a capacidade de evoluir diariamente e que, de alguma maneira, posso um dia ajudar a tornar as pessoas ainda mais felizes. Pelo menos é isso que eu espero ;)

sábado, 22 de agosto de 2009

Aparências

"Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos


Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem"



Chocolate, engorda. Fritura, dá colesterol alto. Bebida, cirrose. Cigarro, câncer. Café, gastrite. Digitar, tendinite. Sexo, traz má fama. Cocaína, vicia. Beijar, dá sapinho. Ver TV, sinal alienação. Ouvir música alta, deixa surdo. Comprar roupa, coisa de perua. Viajar, de gastador...

E assim é nossa vida. Passamos os dias controlando as calorias que ingerimos. Nos esforçando para não beber, beijar ou gastar demais. Precisamos estudar toda matéria, trabalhar na melhor empresa, pagar as contas em dia. Temos que ser organizados, pontuais, serenos. Não podemos brigar por uma injustiça, chorar por um amor perdido, exagerar na festa de fim de ano. E, acima de tudo, precisamos manter uma reputação invejável, afinal, ela vale mais que nosso caráter.

E vivemos de aparências, fingindo a perfeição. Mostrando que não temos defeitos, que nossa família é a melhor de todas, que somos pessoas equilibradas, sem vícios. E, em meio a tantas cobranças, mal percebemos que não precisamos mais de uma dose de bebida, de uma noitada de sexo ou de uma roupa nova. Afinal, já não queremos mais viver. Queremos, apenas, existir.



quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma paixão de verão

Quando encontrei as outras 15 pessoas com quem iria conviver, já sabia. Todos estávamos dispostos a transformar as duas semanas que se seguiam em um período, no mínimo, inesquecível. E foi assim que começou nossa viagem à uma dimensão única. Um mundo chamado Tupã, isolado dos problemas mundanos, afastado das brigas e intolerâncias cotidianas. Todos nós tínhamos em nossa personalidade pelo menos um aspecto em comum: queríamos que essa viagem nos marcasse para sempre. Queríamos que fosse uma experiencia única e incrível. E, talvez por isso, cada momento da viagem se deu de forma INTENSA. Não há outra palavra. Foi a intensidade que fez com que nos tornássemos melhores amigos em tão pouco tempo. Que vivêssemos em um mundo de união e aceitação, e que patilhássemos intimidades que muitas vezes não revelamos nem para amigos de longa data. A intensidade trouxe paixões e, ás vezes, desafetos. A intensidade permeou cada conversa na lareira, cada momento fazendo filtro dos sonhos, cada filme em que dormíamos no meio, cada festa em que acabávamos bêbados. E, através dela, conseguimos o que tanto almejávamos: tornamos essa viagem única, incrível, indescritível. Aproveitamos cada momento ao máximo e tornamos cada segundo inesquecível.
E também foi a intensidade que fez com que, quando chegássemos em nossas casas, sentíssemos uma enxurrada de emoções. Perceber tudo que se passou não é fácil. Perceber como fomos verdadeiros, como nos doamos, como aceitamos o próximo, como fomos capazes de criar vínculos de forma tão densa. O Rondon não deixa só saudade, deixa sim uma enorme nostalgia, porque todos sabemos que o que vivemos foi uma experiência à parte em nossas vidas, uma paixão de verão, e temos absoluta consciência que nenhuma outra experiência poderá sequer se assemelhar, e que, de forma alguma, poderemos um dia vir a sentir ou viver algo parecido.
O que vivemos está nas fotos, na memória, mas NUNCA se repetirá.

Emoção no transporte coletivo

Estava eu, interna da PUCRS, indo para mais uma noite de plantão na sala 2 do HPS, àquela sala para onde vão os cortados e ensanguentados para que nós, experientes doutorandos, façamos alguns pontinhos. Meu coração era só alegria e felicidade.
No transporte coletivo, como de costume em dia de futebol, os colorados já com a cachaça na mão eram respossáveis por irritar boa parte dos passageiros. Entoavam em coro os famosos hinos, batucavam nas paredes do ônibus e passavam de mão em mão a garrava de coca cola que, nós bem sabíamos, estava batizada com uma pequena quantidade de etanol.
Enqunto se davam os momentos de alegria dos torcedores e irritação dos usuários do tranposrte eu só pensava: “Taí alguns dos bêbados que chegarão no meio da noite, completamente embriagados, com a cabeça literalmente aberta, para eu suturar. Maravilha.”
E não é que o motora, provavelmente gremista, pára o ônibus num posto da polícia e relata a desordem que os guris provocaram no buzum. Pronto! Se instalou a revolta total. Os pivetes negando sair do veículo, os policiais ameaçando com cassetetes, a população gritando em defesa dos piás (-Deixa os guri, podiam tar roubando!!.... Eles só tão cantando!...) e o motorista chingando os passageiros (-Nunca vi defender vagabundo!).
E eu, uma calma usuária do transporte coletivo, já com o humor tranquilo sabendo tudo que me esperava em mais uma noite no HPS, só queria chegar em paz no meu serviço. E faltavam só 5metros pra minha parada quando deflagrou a rebelião.
Por fim, os piás foram levados. Provavelmente os porcos iam confiscar a bebida, revistar seus bolsos a procura de baseados, dar umas pauladas e liberar os guris. Talvez não fossem esses que eu iria costurar a cabeça mais tarde, mas, de qualquer forma, eu sabia bem que ainda havia um bando de colorados prestes a se ferir naquela quarta-feira à noite, dia do amado futebol brasileiro.

domingo, 16 de agosto de 2009

Domingo

Eu esgotei todos neurotransmissores. Toda energia. E domingo, mais uma vez, é um dia interminável. Um dia inútil que poderia não existir.
Talvez a culpa seja da mania de ser sempre 80 sábados a noite. De esquecer qualquer obrigação ou compromisso. De colocar a diversão acima de tudo. E pro domingo, não sobra nada.
Que graça? Saber que se inicia mais uma semana igual a outra qualquer, de estudos, dieta e todo o resto.
Pois bem, hoje só uma música como essa é capaz de me fazer esquecer a depressão que se instala todo domingo.


“Dizem que o seu coração voa mais que o avião
Dizem que o seu amor só tem gosto de fél
Vai trair o marido em plena lua de mel...”

sábado, 15 de agosto de 2009

Cartilha do Bêbado Consciente

Baseada nas encrencas que alguns amigos já passaram por exagerar na dose etílica, aqui vão algumas dicas pra que nem todos precisem passar pelos mesmos problemas pra aprender: (ps: nenhuma dica é baseada em experiência própria... juro.)
Líção número 1: Não use coisas emprestadas quando for beber. Nem coisas de valor (nem financeiro, muito menos sentimental). É deprimente perder, extraviar ou estragar seus objetitos preferidos. E, pior ainda, é ligar pra amiga contando o que aconteceu com aquele brinco maravilhoso que ela te emprestou.
Lição número2: Compre um óculos beeem resistente. Ou deixe ele em casa.
Lição número 3: Nunca combine de ir dormir na casa da professora após ingestão de álcool. Te garanto que você não vai querer aparecer lá bêbado.
Lição número 4: Se for dar uma festa em casa, regada a mussolini ou outra bebida alcoólica, pela sua saúde APAGUE a lareira.
Lição número 5: Se for dar uma festa em casa, deixe todos aparelhos eletroeletrônicos guardados em local secreto, fechados à chave. E deixe a chave com a vizinha gorda que não bebe. Senão é capaz de no dia seguinte você acordar e perceber que aquelas maquininhas que funcionavam perfeitamente agora precisam de um conserto.
Lição número 6: Use sempre camisinha. O risco de esquecê-la porque estava bêbado é bem menor.
Lição número 7: Não tome nenhuma gota de álcool na véspera de plantão. Eu disse NE-NHU-MA. Ou assuma as consequências de se tornar conhecido em todo hospital por ter ido fazer um plantão em coma alcoólico.
Lição número 8: Se está em um grupo e todos dependem da tua presença para ir e vir, simplesmente não beba. Se beber, não misture álcool com ritalina.
Lição número 9: Aliás, nunca misture álcool com ritalina. Mas, em nenhuma hipótese, misture com anfetamina. Procurar o ambulatório de cardiologia do hospital, contar o ocorrido e pedir para fazer um ECG é, no mínimo, constrangedor.
Lição número 10: Se namora um bêbado, não desgrude dele. Ou, existe a possibilidade de algum trombadinha roubar sua carteira, ele nem perceber e depois ainda ficar sem dinheiro pra entrar naquela festa que há 1 mês vocês combinavam de ir.
Lição número 11: Se namora um cafajeste, não desgrupe dele. Ou, existe a possibilidade de quando você se distrair ele agarrar a primeira biscate, e no dia seguinte, colocar a culpa em ti dizendo que tu que não deu atenção pra ele porque estava meio 'alta'.
Lição número 12: Deixe o carro em casa. Se quer cometer suicício existem outras formas mais simples.
Lição número 13: Não agarre o ex da sua melhor amiga. Não agarre o ex da sua melhor amiga. Não agarre o ex da sua melhor amiga. Mentalize até que isso fique arraigado em teus pensamentos.
Lição número 14: Ande com uma plaquinha com o seu endereço. Não deixe, sob hipótese alguma, que o taxista acredite no endereço aonde mandaram ele te largar. Afinal, é capaz de você acabar indo parar no clube Leopoldina ao invés de ir pro bairro Leopoldina.
Lição número 15: Se você economizou toda sua mesada pra assistir ao show internacional mais esperado do ano, não beba. Ou é capaz de você esquecer todo show. E o pior será quando todos vierem te perguntar como foi o show que você tanto falava.
Lição número 16: Não use comandas achadas no chão. Além de ser totalmente antiético, tenho certeza que você não quer ser humilhado e escurraçado pelo dono da casa noturna que você mais gosta de ir.
Lição número 17: Não confunda uma festa com um motel.
Lição número 18: Você pode esquecer tudo, mas NÃO esqueça de cuidar da sua comanda. Ficar na festa até as 8h da manhã ou pagar 400 reais realmente não é uma forma legal de terminar a noite.
Lição número 19: Fotos só são permitidas nos primeiros 30 minutos. Após, fuja descaradamente.
Lição número 20: Agora que você já leu nossa Cartilha e se tornou um Bêbado Consciente, não deixe de relembrar as consequências que o álcool traz:




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

8 ou 80

Se bebo, é até cair
Se como, é até engordar
Se estudo, é até saber
Se pergunto, é até entender


Se fumo, é até tossir
Se transo, é até gozar
Se viajo, é até conhecer
Se enfrento, é até temer

Se almejo, é até conseguir
Se não gosto, é até odiar
Se amo, é até sofrer
Se vivo, é até morrer.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A aprovação que precisamos

Podemos saber bem o que queremos. Podemos até saber com certeza onde queremos chegar. Uma profissão, um amor, um país. Qualquer coisa. A vida é feita de decisões, e passamos noites em claro decidindo o que é o melhor pra nós mesmos. O que trará mais felicidade, dinheiro ou sexo. Porque, então, se assumimos todas consequências de nossos atos... Se somos os únicos que iremos sofrer ou não, que nos tornaremos ricos ou pobres, que seremos protagonistas de um lindo casamento, ou envelheceremos sozinhos.... Porque precisamos tanto de aprovação? Porque nos preocupamos tanto com o que os outros vão pensar?
Por trás de cada atidude existe uma razão que nos leva a agir de certa forma, mas quem está de fora não conhece a verdade. Nenhuma outra pessoa é capaz de saber o que se passa em nossa mente, ninguém pode compreender os motivos que nos levam a tomar cada atitude. E nunca entenderão os sentimentos e os pensamentos. Só quem vive sabe. Só quem pensa e sente, sabe.

Quando vamos nos libertar, quando vamos deixar os preconceitos da sociedade de lado, quando vamos assumir nossos desejos e sentimentos?
Nós continuamos precisando de aprovação, aprovação dos pais, dos filhos, dos vizinhos, do chefe, do cobrador do ônibus e do entregador de pizzas. E, enquanto não nos libertarmos, uma parte nossa vai ser 'o outro'. Uma parte que vai ficar pensando 'como ele gostaria que eu agisse, como devo agir?'. E, nunca seremos completos. Nunca sereremos completamente felizes. Completamente nós mesmos. Seremos sempre um reflexo do que a sociedade gostaria que, de fato, fôssemos.

Como seria bom se a teoria e a prática se sobrepusessem. Libertar-se dos julgamentos não é tarefa fácil. É preciso força pra escolher o caminho alternativo, pois muitos serão aqueles prontos a te criticar por qualquer passo em falso. Mas eu, como boa doidivana, luto pela minha felicidade e tento me libertar das amarras que me prendem. Mas só eu sei como é difícil ás vezes.



segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Família

Meu pai já foi meu herói. Não é mais.
Já foi aquele cara que me incomodava se eu ficava acordada até tarde. Não é mais.
Já foi aquele em quem eu ia fazer massagem depois do almoço de domingo. Não é mais.
Sim, quando ele escolheu morar com outra família deixou saudade.
Como se um filho tivesse, de repente, virado rebelde e abandonado todos projetos estudantis. E tivesse fugido de casa para nunca mais voltar.
E mesmo que visitasse esporadicamente, o relacionamento nunca mais seria o mesmo.
Afinal de contas, mais cedo ou mais tarde eu me mandaria, não? E daria no mesmo, certo?
É provável.
O estranho é sentir como faz falta o convívio e como a distância é capaz de afastar as pessoas.
Não há culpados. O cordão umbilical mais cedo ou mais tarde seria cortado.
E ontem, dia dos pais, pra mim pareceu mais um domingo chuvoso do que qualquer outra coisa. Um dia q
ue, no final, acabou de forma divertida.
Num bar, comi fritas e tomei cerveja com amigas que mais parecem irmãs.

domingo, 9 de agosto de 2009

Eu

Quando decidi, finalmente, deixar minha felicidade acima de tudo muitas coisas tiveram que mudar. Ser eu mesma fazia parte. Minhas roupas, meu jeito, minha irritação, minha alegria. Cada atitude, cada pensamento, cada jeito.O principal foi deixar de me preocupar com o que os outros pensam ou deixam de pensar. Me divertir, sorrir, gargalhar, dançar, abraçar, beijar.Tudo ocorreu naturalmente, e quando vi já era tarde. Já tinha me tornado eu mesma. Feliz de verdade, ansiosa de verdade, irritada de verdade. Eu não faço questão de ser perfeita, nem de ser a melhor, nem a mais rica, nem a mais bonita. Eu sou eu, e é simples. Goste quem gostar.