quarta-feira, 30 de setembro de 2009

No ônibus

Mostrei o cartão TRI pro cobrador.

- Te atrasou hoje de manhã.
- Hãn? - Tirei o fone -
- Te atrasou hoje de manhã.
- Não.
- É que te vi na parada quando o ônibus voltava. Vi que tu tava ali às 8h.
- É.

Achei melhor sair antes que a ira, que já tomava conta de mim, transparecesse. Antes que eu respondesse como deveria:
- Quem cuida dos meus horários sou eu. Só eu. Não tenho namorado pra não me incomodar. Sequer meus pais tem o direito de se meter nos meus compromissos e nos meus horários. Se eu estou, ou deixo de estar atrasada, o problema é único e exclusivamente meu. Ok?

E parece que ele descobriu a ferida. O ponto G que, ao invés de fornecer um orgasmo, torna a cidadã que vos fala na pessoa mais irritada do mundo.
Mas, afinal de contas, isso foi um acesso de TPM, de irritação sem causa aparente, ou tive, realmente, motivos para tamanha ira?
Nem eu sei, só sei que da próxima vez que encontrá-lo tentarei, novamente, não demonstrar o monstro que vive dentro de mim.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Imagem é tudo

Não sei se todos ficaram sabendo. Uma professora de ensino primário da Bahia foi demitida após um vídeo seu, em que aparecia dançando no palco de um show de axé, ter sido divulgado no youtube. É, aparentemente parece um escândalo infundado né? Também pensei no início. Mas a dança dela não foi qualquer dança sensual ao estilo 'É o Tchã'. Ela ficou, literalmente, nua em cima do palco, com a bunda de fora, enquanto o vocalista puxava sua calcinha e cantava 'Toda enfiada...'. Mas quem sou eu para dar de moralista e criticar a dança da mulher? Na verdade eu acho que o que cada um faz nos seus momentos de lazer não vem ao respeito de mais ninguém. Pra mim se o indivíduo gosta de putaria, masoquismo, maconha, cocaína, ou seja lá que for, independente da profissão, ninguém tem nada que se meter, afinal essa é a vida particular dele. Mas existe uma coisa que nunca será esquecida: a imagem. Cada um tem uma imagem, que é a forma como os outros nos vêem. Um médico, por exemplo, não pode falar pro paciente que é chegado num trago, num cigarrinho e numa carne gorda. Uma professora não pode mostrar pros alunos a forma sensual que costuma dançar à noite. Um primeiro ministro não pode deixar vazar fotos que o mostram gozando a vida ao lado de diversas prostitutas.
E é assim que vivemos hoje: nossa imagem é tudo, precisamos preservá-la. O que essa professora esqueceu, por alguns minutos, foi que hoje em dia não temos mais privacidade em lugar algum. Ela estava em um local adulto, uma casa de shows, fora de seu momento de trabalho. Há algum tempo ela poderia muito bem fazer o que bem entendesse, ninguém saberia. Hoje as coisas já não são bem assim. As câmeras em celulares chegaram para tirar a nossa privacidade, nosso direito de decidir o que queremos que os outros saibam que fazemos ou deixamos de fazer. E é por esse erro simples que ela está pagando caro, muito caro.
Mas, para felicidade da moça, o povo esquece rápido esses escândalos. Em breve ela não será mais nem lembrada. Mas, com certeza, pro resto de sua vida, ela vai lembrar dessa furada em que se meteu num sábado à noite em que bebeu além da conta e decidiu ir dançar no palco.

sábado, 12 de setembro de 2009

Doidera I

Há algum tempo...


Me perdi do pessoal na festa. Uma biba me puxou e começamos a dançar até o chão. Devia tar tocando Britney ou Madonna, não lembro. Nisso chegou dançando junto um piazote, um pouco mais bonito que a outra biba, mas mais baixo que eu. Ficamos dançando, tal e coisa, afinal a música era boa, eu tava sozinha, e os dois eram bixas. Nisso chega um deles
-Olha, nós somos muito brother... Nós somos tão brother, mas TÃAO brother, que a gente só fica com guria juntos. Tipo beijo a 3, sabe?


Humm... sei...


E saí de fininho! ;)

domingo, 6 de setembro de 2009

6/9

Lá pelos anos 60, com o surgimento da pílula anticoncepcional, o sexo passou a ter um papel diferente na sociedade. Se antes ele já era praticado por prazer pelos homens, a partir desse momento se deu a revolução feminina. Nós também poderíamos decidir com quem e quando transar, sem medo da gravidez indesejada.
Então o mundo mudou para nós mulheres...
Será mesmo???
O homem aceita, sem preconceito, que a mulher faça sexo unicamente por prazer?
E eles aceitam que a mulher assuma que gosta de sexo, que se masturba, que tem desejo sexual, que precisa transar de vez em quando pra se satisfazer???
Os que eu conheço, pelo menos, não encaram a mulher dessa forma. Preferem pensar em nós como meninas que são santas e puras. Que, de preferência, só façam essas coisas no escuro e com o cara com quem pretendem casar.
Senão, entrará para lista de putas e vagabundas. Aquelas que servem unicamente para satisfazer seus desejos, mas que nunca poderiam vir a tornar-se suas namoradas.
E parece, então, que nada mudou desde o século passado. O preconceito diminuiu, certamente, mas ainda existe e hoje ele está enrustido numa falsa idéia de que a mulher possui liberdade sexual.
Como em tantas outras áreas, o que predomina hoje é a hipocrisia. E, sinceramente, se for para me casar e passar o resto dos dias do lado de alguém que pense assim.. prefiro ficar solteira pois como diz o ditado, antes só que mal acompanhada.

Ps: Hoje, 6/9, é dia do sexo! Saia do computador e vá tirar o atraso! ;)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Acidente?

Muitos amigos, popular na faculdade, divertido, brincalhão, festeiro. Médico, estudioso, dedicado. Era um cara que sabia aproveitar o presente, e, a princípio, tinha um futuro e tanto. Mas em sua ânsia de viver cada momento, em sua necessidade de extravasar alguma agonia, em sua personalidade muito impulsiva e quase nada comedida, ele se perdeu.
Não, não foi na noite que ele bateu o carro que ele se perdeu. Já estava perdido há muito tempo. Parece até que só um cego ou alienado não perceberia que esse fim era óbvio, mas é impressionante como nunca temos a capacidade de notar o que acontece ao nosso redor antes que a tragédia aconteça.
No nosso mundo o álcool impera em todas festas, achamos normal beber e dirigir, praticamos sexo sem camisinha, andamos a 140km/h nas estradas. E ainda achamos que somos saudáveis.
Aonde foi parar a consciência do jovem, o mesmo que há algumas décadas já era pai de família, trabalhava e sustentava a casa? O jovem da atualidade se perdeu no meio de um mundo egoísta e competitivo. E, perdido nesse mundo individualista, deixou pra trás todo senso crítico, de responsabilidade e de amor próprio. Hoje, jovens de 20 e poucos, que já deveriam estar maduros o suficiente para saber ao menos o valor que a vida tem, deixam-a escapar de forma simplória, como se na verdade a VIDA já não tivesse mais valor algum. E, para a psiquiatria, esse não foi um acidente. Foi, na verdade, um para-suicídio.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Na parada

Esperando o ônibus.

- Vai pra PUC?
- Não, esse ônibus não vai.
- Tu. Tu vai pra PUC?
- Sim.
- Qual curso?
- Medicina e tu?
- Mecatrônica.
- Que semestre?
- Décimo.
- Quase se formando?
- Não.
- Tem 21?
- 22.
- …..........
- …..........
- Acho que te conheço de Garopaba.
- Hãn?
- Garopaba. Nunca foi em Garopaba?
- Fui, já. Mas e quem não foi?
- Teu nome não é Nicole?
- Não.
- Ah tá.

E assim dilacerei com as expectativas do menino de reencontrar a garota por quem se apaixonou em algum verão passado. Nicole provavelmente fugiu após uma noite calorosa à beira mar, sem deixar telefone, e-mail ou orkut. E ele, até hoje, à procura pelas paradas da vida.