sábado, 29 de janeiro de 2011

Limpei

De tempos em tempos precisamos parar tudo que estamos fazendo para fazer uma arrumação. Doar roupas que não usamos mais e o pior, jogar fora papéis velhos que, no meu caso em especial, tem mania de se acumular por todos os lados. E como eu me apego a tudo que me pertenceu, costumo deixar essas arrumações sempre pra amanhã. Não tenho a mínima vontade de jogar fora o meu passado. E assim, sempre deixando para amanhã, empurrando os papéis (em pilhas) para dentro de armários, para o canto do quarto, para onde quer que haja um espacinho, esperei 6 anos para criar coragem e simplesmente jogar tudo fora. Sim, a alegria do papeleiro. Hoje é um o diao de desfazer-se daqueles sonhos que ficaram lá atrás. Resumos de anatomia, livro de neurociência, pastas da Unimed, da Roche e de mais trocentas industrias farmacêuticas. Lembranças de congresso em que me sentia tonga porque tinha um lacre de “Não prescritora” no crachá, e que corria atrás dos promotores para ganhar algum livro besta que nunca iria ler. Lembranças de aulas que pouco entendia, mas anotava tudo com a idéia de que um dia voltaria a ler. Lembrança de um curso integral, que me tomou todo o tempo, e que me fez sempre muito feliz.

Em momentos também tive que jogar fora lembranças de amores passados, cartas, rescunhos, poemas, recordações. Desenhos rabiscados, anotações idiotas. Tudo, tudo fora.

E com a casa limpa, sem mais papeleira amontoada juntando pó e trazendo o passado à tona, sei que posso seguir adiante. Num outro canto, não mais à sombra do passado. Só quero o futuro.

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